José Francisco Rocha, o mestre Zé Pio, nascido em Fortaleza no dia 4 de dezembro de 1946, guardião da memória de vários grupos de Bumba-meu-Boi
da capital cearense, começou a brincar o boi aos 3 anos de idade, no Pirambu, como primeiro galante do cordão vermelho do Boi Reis de Ouro,
onde mais tarde passou a brincar no cordão de índios.
Com a mudança de sua mãe para a Barra do Ceará, Zé Pio brincou no Boi Garoto, comandado por Chico Preto. Nesse grupo, Zé Pio aperfeiçoou
a técnica de construção do arcabouço do boi que aprendera no Reis de Ouro. Incentivado por uma professora de nome Fransquinha, criou
o Boi Canário, permanecendo como brincante desse grupo por 3 anos.
Após a morte do pai do mestre Assis, do Boi Ceará, grupo fundado em 1943, Chico Preto foi convidado para fazer parte do brinquedo,
levando consigo alguns integrantes de seu antigo grupo, entre os quais o mestre Zé Pio, que permaneceu no Boi Ceará durante 8 anos,
atuando como primeiro capitão e posteriormente como vaqueiro. Ao ingressar no Boi Ceará Zé Pio tinha 13 anos.
Aos 20 anos, decidiu formar seu próprio grupo, ao qual deu o nome de Boi Terra e Mar, numa alusão ao seu hábito de pescador durante
o dia e brincante de boi nas festas noturnas. Após 10 anos sem brincar o boi, desestimulado pela fraca participação da comunidade no folguedo,
o mestre Zé Pio voltaria a atuar à frente de um boi no ano 2000, com o surgimento do Boi Juventude, criado com o incentivo de uma sobrinha.
No ano de 2004, Zé Pio recebeu o título de Mestre da Cultura Popular Tradicional, honraria concedida pelo Governo do Estado do Ceará.